• Recentemente, os oficiais de justiça russos receberam autoridade para converter Bitcoin confiscado de atividades criminosas em receita estatal.
  • O governo russo confiscou milhões em criptomoedas de atividades ilícitas, mas as leis existentes não têm diretrizes claras sobre seu gerenciamento ou alocação.

À medida que as nações integram cada vez mais as criptomoedas em seus sistemas financeiros, a Rússia, sob a liderança de Vladimir Putin, parece estar adotando uma abordagem única. Em vez de manter o Bitcoin como uma reserva, o país está explorando maneiras de converter  a Bitcoin (BTC) apreendido em dinheiro para a receita do Estado.

Dmitry Aristov, chefe do Serviço Federal de Fianças da Rússia (FSSP), chamou o Bitcoin de “ativo problemático” e pediu aos legisladores que regulamentem seu confisco e conversão em fundos estatais. Falando em uma reunião do Comitê do Conselho da Federação, Aristov revelou que as agências de aplicação da lei estão trabalhando em mecanismos para apreender e liquidar criptomoedas legalmente.

Aristov apontou um caso criminal recente como um exemplo de como o Bitcoin pode ser legalmente confiscado. Durante a reunião, um senador questionou como a FSSP gerencia as moedas digitais confiscadas. Aristov respondeu: “Temos um precedente legal de um caso criminal. Durante a investigação, confiscamos tokens de Bitcoin”. Ele ainda enfatizou que, sem uma legislação formal que defina o status legal do Bitcoin, uma solução abrangente continua fora de alcance.

O caso Marat Tambiev

Um dos casos mais importantes relacionados ao Bitcoin na Rússia envolve Marat Tambiev, um ex-funcionário do Comitê de Investigação da Federação Russa (ICRF). Em outubro de 2024, Tambiev foi condenado a 16 anos de prisão por aceitar um suborno de 2.718 BTC (avaliado em aproximadamente US$ 258 milhões na época) do grupo de hackers Infraud Organization.

As autoridades descobriram o Bitcoin armazenado em seu computador e uma carteira de hardware Ledger Nano X durante uma busca em seu apartamento em Moscou. O tribunal ordenou o confisco de 1.032 BTC (no valor de cerca de US$ 98 milhões), determinando que os ativos foram adquiridos como renda não confirmada. Esse caso intensificou as discussões sobre a necessidade de uma estrutura jurídica estruturada para lidar com ativos digitais obtidos por meio de atividades ilegais.

Em resposta a isso, Evgeny Masharov, membro da Câmara Cívica Russa, apresentou um projeto de lei ao governo propondo a criação de um fundo de criptomoeda controlado pelo governo, projetado para gerenciar ativos apreendidos de casos criminais e gerar receita para projetos sociais. No entanto, o sucesso dessa iniciativa dependerá da navegação pelas complexidades da regulamentação de criptomoedas e da abordagem das preocupações de várias partes interessadas, incluindo o banco central.

Apesar desses obstáculos regulatórios, alguns legisladores russos veem o Bitcoin como um ativo estratégico em vez de apenas uma ferramenta para a aplicação da lei. Em dezembro de 2024, Anton Tkachev, um deputado do parlamento russo, propôs a criação de uma reserva estratégica de Bitcoin para mitigar o impacto financeiro das sanções internacionais e estabilizar o rublo em um ambiente financeiro global cada vez mais incerto. Com a Rússia, juntamente com a coalizão BRICS, enfrentando restrições nos mercados financeiros tradicionais, o Bitcoin poderia servir como uma alternativa para o comércio internacional, tornando o debate sobre sua regulamentação e uso mais crucial do que nunca.