Banco central da Coreia do Sul vai testar CBDC com 100 mil pessoas

A Coreia do Sul está pronta para dar um grande passo com sua moeda digital do banco central (CBDC, na sigla em inglês). Afinal, fará um teste de transação no mundo real envolvendo 100 mil participantes.

O Banco da Coreia fará o teste em colaboração com a Comissão de Serviços Financeiros e o Serviço de Supervisão Financeira.

Além disso, contará com o envolvimento de sete grandes bancos comerciais, que emitirão tokens de depósito com lastro em CBDC.

Os tokens serão usados ​​para transações em lojas selecionadas. O teste deve começar em março, permitindo que os participantes façam transações usando um QR Code.

No entanto, haverá um limite de gastos de 1 milhão de won (aproximadamente R$ 4 mil), segundo reportagem local .

A iniciativa vem após anos de pesquisa e atrasos no piloto do projeto. Caso seja bem-sucedido, o teste pode abrir caminho para a implementação em larga escala de uma moeda digital apoiada pelo governo.

Teste de CBDC durará três meses

O próximo teste será um esforço colaborativo entre grandes instituições financeiras e empresas do varejo.

Entre os bancos, estão: KB Kookmin, Shinhan, Hana, Woori, NH Nonghyup, Industrial Bank of Korea e Busan Bank.

Essas autoridades financeiras emitirão tokens de depósito com funcionalidades de voucher digital, permitindo que os usuários façam pagamentos em empresas afiliadas.

Por exemplo, incluirá lojas de conveniência 7-Eleven, o Kyobo Book Centre e a plataforma de entrega de comida Ddaenggyeoyo.

Os participantes usarão carteiras eletrônicas para gerar QR Codes e facilitar transações simples. Esse sistema testa se os tokens de depósito com lastro em moeda digital podem funcionar efetivamente em um ambiente de varejo sem interromper os mecanismos financeiros existentes.

O teste durará três meses, durante os quais as autoridades avaliarão a confiabilidade, a segurança e o impacto econômico do sistema.

No entanto, um porta-voz do Banco da Coreia enfatizou que, embora a meta seja iniciar o piloto neste mês, complexidades logísticas podem adiar a data de início para abril.

“O objetivo é começar o teste no início do mês que vem, no máximo. Como é uma questão que requer cooperação com várias organizações, há a possibilidade de que o cronograma atrase.”

Outros países observam a Coreia do Sul

O teste da CBDC da Coreia do Sul atraiu atenção global, em especial da União Europeia e de organismos financeiros internacionais, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS).

Afinal, segundo Cecilia Skingsley, diretora do BIS Innovation Hub, o projeto pode servir como um estudo de caso valioso para outras economias que estudam a adoção de uma moeda digital:

“Os resultados desse projeto receberão atenção mundial.”

A introdução de uma moeda digital do governo se alinha com mudanças políticas mais amplas no setor financeiro da Coreia do Sul.

Discussões recentes colocaram em destaque preocupações sobre as altas taxas de adoção de criptomoedas na Coreia do Sul e a necessidade de soluções digitais com controle pelo estado.

Legisladores do Partido Democrata até sugeriram incorporar o Bitcoin às reservas da Coreia do Sul. Além disso, traçaram paralelos com debates em andamento sobre o tema nos EUA.

Em um contexto mais amplo, a Coreia do Sul vem estudando novas regras para ativos digitais. Por exemplo, discute uma eventual paridade tributária entre investimentos em criptomoedas e em mercados financeiros tradicionais.

Os reguladores financeiros reconheceram a necessidade de modernizar as políticas para acomodar o crescimento dos ativos digitais.

Por isso, o teste do CBDC pode ser um trampolim para uma reforma abrangente do sistema financeiro.

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