El Salvador: acordo com FMI proíbe compras de BTC pelo governo

O governo de El Salvador terá que se adaptar às condições do Fundo Monetário Internacional (FMI) e deixar de comprar Bitcoin usando dinheiro público.

Afinal, essa é uma das principais condições do acordo que o órgão assinou com o presidente Nayib Bukele, um dos líderes mundiais que mais defendem os atributos do BTC.

Aliás, a última aquisição do governo salvadorenho ocorreu esta semana, quando o National Bitcoin Office do país elevou a reserva total do país para 6.100 BTC.

O financiamento do FMI dará a El Salvador US$ 1,4 bilhão e será válido por 3 anos e 4 meses. O dinheiro chegará por meio de um Mecanismo de Financiamento Estendido, com uma primeira transferência no valor de US$ 113 milhões.

Fim da linha para o Bitcoin em El Salvador?

Um trecho do memorando técnico de entendimento, que veio a público pelo FMI , revela a condição relativa ao Bitcoin.

O documento inclui uma seção com o nome “nenhuma acumulação voluntária de BTC pelo setor público de El Salvador”. Portanto, fica clara a proibição do uso de dinheiro público para comprar ou trocar a moeda.

Além disso, o acordo prevê a eliminação da emissão de “qualquer tipo de dívida pública ou instrumento tokenizado com indexação, ou denominação em Bitcoin que implique em responsabilidade para o setor público”.

Em outras palavras, o uso de criptomoedas em operações financeiras do governo de El Salvador não é mais permitido.

Bukele construiu parte de sua imagem com base no apoio irrestrito ao Bitcoin. No entanto, evitou falar publicamente sobre as limitações que seu país terá em relação aos criptoativos a partir de agora. Isso não passou despercebido pela indústria, que recebeu com consternação a notícia.

Por exemplo, Samson Mow, um dos colaboradores mais ativos da estratégia pró-Bitcoin de El Salvador, fez uma crítica direta a Bukele em sua conta no X:

“Agora sabemos o que significa ‘confinado’. Não há mais compras de Bitcoin para El Salvador. Eu preferiria ouvir isso do governo Bukele e não do FMI.”

No ano passado , o governo de El Salvador declarou que continuaria comprando BTC apesar do acerto com o órgão financeiro.

BTC não deslanchou junto à população

Durante o rali do Bitcoin no final de 2024, que levou o preço da moeda a mais de US$ 105.000, Nayib Bukele foi um dos que mais comemorou. O presidente de El Salvador usou a recuperação do preço do BTC como argumento para celebrar sua estratégia de acumulçação do token.

No entanto, não há apoio esmagador dos salvadorenhos ao plano de adoção do BTC. Segundo um estudo da Universidade Centro-Americana, 80% dos salvadorenhos que não usam a criptomoeda para transações financeiras.

Além disso, mais da metade dos entrevistados afirmou que não concorda com o uso de dinheiro público para comprar Bitcoin. Portanto, o acordo com o FMI pode acabar fazendo a vontade do povo em El Salvador.

O que El Salvador deve ganhar com o acordo

Com a assinatura do acordo FMI-El Salvador, fica claro que Nayib Bukele precisou optar pelo caminho tradicional de ajuste para melhorar a economia. O objetivo com o empréstimo é reduzir o déficit fiscal e melhorar o nível das reservas internacionais. Além disso, o governo alega que pretende reduzir a corrupção na administração pública.

O primeiro objetivo prevê a redução do número de funcionários em instituições públicas, de forma a tornar os gastos mais eficientes. No entanto, os subsídios sociais para os setores mais desfavorecidos deverão ser mantidos.

A condição econômica salvadorenha melhorou significativamente desde a pandemia. Mas ainda há a expectativa de que a conformidade com as exigências do FMI ajude a acertar o curso do país no curto e médio prazo.

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