Stablecoins comprovam ainda mais a tese do Bitcoin

Algumas experiências me chamaram bastante a atenção durante o final de 2024 e começo deste ano. Recebi muitos chamados de jornalistas e assessores de imprensa para comentar sobre o mercado de criptomoedas . Até aí, tudo dentro do esperado, afinal, quem não quer falar sobre Bitcoin (BTC) a US$ 109 mil.

Mas o que me atentou neste período é que um discurso que acontece bastante nos bastidores e em negociações com outras empresas parece estar migrando agora para a mídia tradicional.

No caso, falamos muito sobre a valorização e projeções do mercado. Porém, havia um interesse claro na tecnologia das stablecoins . Algo que eu considero quase como um “ bitcoin empresarial”.

Essa comparação parece estranha, mas acho que vale nós discutirmos algumas teses e números por aqui.

Revolução financeira

Apesar do Bitcoin ter dado o pontapé inicial no que a gente chama de revolução do mercado financeiro, as stablecoins talvez sejam o que encorajou de fato as empresas a participarem mais ativamente deste mercado.

E é justo! O BTC nasce como uma criptomoeda destinada à transferência de valores descentralizados. Só que não adianta a gente esconder: Ele tem uma alta volatilidade !

Por mais que ela esteja em uma tendência de alta macro desde seu lançamento lá em 2009, correções ou subidas de 10% em um único dia ainda são relativamente comuns.

Já as stablecoins abraçaram essa tecnologia, deram uma roupagem mais nova, mais “empresarial”,  menos descentralizada e com baixíssima volatilidade – afinal, só seguem a volatilidade do próprio câmbio.

Isso, sim, foi um gatilho importante para que as empresas olhassem para a tecnologia e não tivessem mais desculpas para não usar. E aí a gente vê esse movimento hoje. 

Amadurecimento das stablecoins

Durante alguns anos, havia muitas dúvidas sobre a estabilidade das stablecoins. E é, claro, que isso trouxe muitas mudanças para a indústria ao longo do tempo. 

Não à toa, a última vez que a gente ouviu falar, de fato, de um deppeg de stablecoin foi lá em 2021, e algo ainda meio baseado em rumores.

Hoje, as empresas responsáveis pela emissão das stablecoins já tem uma transparência muito assertiva de suas reservas. Não à toa, a gente vê países apoiando e já buscando uma regulamentação para manter, de fato, players honestos atuando neste mercado.

Para citar alguns exemplos dessa nova fase, vemos Hong Kong trabalhando de forma legislativa para regularizar os emissores de stablecoins por lá. Há grande expectativa também nos Estados Unidos nesse sentido.

O Brasil, por sua vez, está bem avançado neste quesito e, apesar de não ter uma regra clara para alguns segmentos, ainda assim já vemos o desenho de um mercado cripto bem mais estruturado do que há alguns anos.

A seleção do mercado

Sim, o mercado fala muito sobre o Bitcoin. Mas os números das stablecoins também são muito fortes! 
No final do ano passado, as stablecoins eram responsáveis por cerca de 8,2% do market share do mercado total de criptomoedas. E estamos falando de um setor com dezenas de milhares de tokens .

Vale dizer ainda que esse número apresenta uma “ queda ”, por conta da valorização recente do BTC. Mas se a gente virar o olhar para meados de 2022, o market share das stablecoins estava próximo dos 20%.

Tudo bem que esse mercado passa, em grande parte, pela mão da Tether , que emite o USDT. Mas a Circle (USDC) divide uma fatia ainda considerável. 

Outros protocolos até tentaram criar um dólar mais descentralizado, mas não conseguiram uma adoção em massa como esperado. E sendo bem honesto: Faz muito sentido essa escolha.

Afinal, o mercado tradicional até gosta de uma novidade, mas também de segurança. Então, em vez de apostar em um dólar sintético de uma rede nova, como a Ethena , é evidente que o empresário vai buscar um token de uma empresa regulada e reconhecida nos Estados Unidos. 

Isso não quer dizer que a stablecoin da Ethena é de má qualidade. Mas o aval regulatório é muito importante para os empresários.

Stablecoins na prática

Então, como toda essa narrativa se transforma em prática? Os números mostram comportamentos bem interessantes.

A grande maioria utiliza stablecoins para trading . Porém, a gente vê um avanço rápido e que alcança níveis muito próximos sobre o interesse corporativo. E aí a gente fala de câmbio direto por meio de stablecoins e não mais por dólares de uma casa de câmbio específica, por exemplo. 

No fim, nós entendemos que as stablecoins trazem uma usabilidade muito maior para o dólar, do que o próprio dólar.

Ou seja, tem uma fatia grande que quer fazer parte da criptoeconomia e vê na stablecoin uma maneira de unir o tradicional com o tecnológico. A autocustódia também se tornou um tema muito forte recentemente, assim como a compra de produtos e remessas internacionais.

Tudo isso, dentro de uma única plataforma, acessível e de fácil utilização!

Ou seja, as stablecoins são uma ferramenta de entrada muito relevante para o investidor, mas também para a empresa que quer ter uma experiência do universo cripto, sem se preocupar com volatilidade.

Uma nova fase

Como eu costumo dizer, as stablecoins não anulam o Bitcoin. Ao contrário, elas ajudam a provar sua tese. E é isso que estamos vendo!

As conversas que eu tenho nos bastidores com outros empresários estão, de fato, virando prática, graças às stablecoins. E não à toa a mídia tradicional começa também a pontuar esses assuntos.

Este é um passo que, uma vez dado, dificilmente voltaremos atrás.

E as empresas já estão entendendo isso. Um ajuste aqui e outro ali ainda são importantes, como a regulamentação. Mas, de modo geral, a tecnologia já entrou no mercado tradicional.

A adaptação vai depender de como você se posiciona e com quem vai se relacionar – sejam parceiros ou clientes. Mas, uma hora ou outra, a cobrança vai chegar!